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O Começo de Tudo – Como o Uninho Chegou na Minha Vida

  • Foto do escritor: Uninho Na Estrada
    Uninho Na Estrada
  • 28 de abr.
  • 4 min de leitura

Atualizado: há 20 horas

Uma história sobre família, desafios e como um Fiat Uno 1993 se tornou mais que um carro.

Meu Primeiro Renavan do Uninho
Meu Primeiro Renavan do Uninho

Um Encontro Marcado (pelas Circunstâncias)


Era 1998, e o Brasil vivia a era pós-Plano Real. A economia parecia que ia engrenar, mas a verdade é que a maré não estava boa para todo mundo. Na minha família, a situação era delicada. Meu pai, um cara super dedicado e talentoso, fabricava módulos de som automotivo da marca Strongwave. O produto era de primeira, mas vender que era bom... essa parte não era com ele.


Naquela época, eu estava noivo, trabalhando como digitador em um hospital (transcrevendo laudos de tomografia e ultrassom) e, ao mesmo tempo, cursando radiologia médica. Tive a honra de trabalhar com dois profissionais que foram mais

que professores incríveis – Almir e Dra. Suzy – que me ensinaram tanto que eu já tinha a prática de um tecnólogo formado.


Enquanto eu batalhava para construir meu futuro, via meu pai quase indo à falência. As dívidas se acumulavam, e os ótimos módulos de som ficavam parados na prateleira. O clima em casa era tenso. Foi aí que tomei uma decisão que mudaria

muita coisa: juntei todas as minhas economias – salário, vendi as férias, décimo terceiro – para comprar um carro e ir para a rua vender os produtos do meu pai. Consegui juntar uns 1.000 reais, uma grana curta mesmo para a época, mas era o que eu tinha.


O Sonho do Corsa e a Realidade do Uno


Com o jornal de classificados na mão, comecei a busca. Meu sonho de consumo? Um Corsa. Achava moderno, com aquelas linhas arredondadas. Carro quadrado como Uno, Gol, Passat? Não era minha praia. Eu queria um carro com um visual mais atual.


Encontrei um anúncio que parecia bom e fui conferir. Era ele: um Corsa vinho, lindo, do jeito que eu queria. Olhei o carro, gostei. Fomos sentar para negociar. Aí veio o choque

e realidade: a entrada era uns 1.300 reais. Eu não tinha essa grana. Olhei para o meu pai, buscando uma luz, mas ele, também sem poder ajudar, ficou quieto.


O vendedor, percebendo minha frustração, veio com uma carta na manga: "Olha, tenho um Uno aqui, muito novo, já com injeção eletrônica, motor 1.5, super econômico. E o melhor: com os 1.000 reais que você tem, dá para dar a entrada e financiar o resto num leasing. A parcela fica mais baixa e cabe no seu bolso."


Confesso que aceitei meio contrariado. O Uno não era o carro que eu sonhava, mas era a chance de dar uma força para minha família. Mal sabia eu que aquela escolha, feita quase na marra, seria o começo de uma relação que já dura décadas.


A Estreia Com Emoção (e Pane)


Finalmente, chegou o dia de buscar meu Uno (que logo virou o "Uninho") na concessionária. Seguro pago, documento na mão, coração a mil. Para completar a situação, eu tinha dado uma pausa no curso de radiologia para dar uma segurada na grana e estava fazendo um curso de inglês para comissários de bordo perto do aeroporto (minha noiva queria ser comissária, e o curso era bom).


Peguei o Uninho em Moema, bairro nobre de São Paulo, para buscar minha noiva no Brooklin e depois seguir para o curso. Imagina a cena: horário de pico, trânsito pesado, e eu, nervoso, dirigindo meu primeiro carro.


Quando estávamos chegando perto da escola, ali atrás do Aeroporto de Congonhas, aconteceu o que eu não esperava: o Uninho simplesmente apagou. Pane total, sem mais nem menos. E lá estava eu, um cara que mal sabia trocar um pneu, muito menos achar um fusível queimado, parado no meio do caos de São Paulo.


Bateu o desespero. Liguei para todo mundo: meu pai, meu irmão, um mecânico conhecido, até para o cara do seguro. Depois de horas esperando, um guincho finalmente apareceu. Meu pai chegou com meu irmão e um mecânico amigo nosso.


Voltamos para casa de carona com o meu coroa, e meu pai ainda teve que levar minha noiva até a casa dela, no Grajaú. Fomos chegar em casa, no Capão Redondo, já passava da meia-noite.


Na concessionária, disseram que o problema era um bloqueador antigo. Eles removeram e, de fato, depois disso, nunca mais tive problemas sérios com o Uninho.


Mas que batismo de fogo!


A Crise do Leasing e a Promessa de Ficar Junto


Lembra do leasing atrelado ao dólar? Pois é. Em janeiro de 1999, o Brasil mudou a política de câmbio, e o Real desvalorizou feio. O dólar, que estava por volta de R$ 1,21, pulou para R$ 2,20 em poucas semanas. Resultado: as parcelas do leasing ficaram impagáveis para muita gente, inclusive para mim.


Foi uma confusão geral na época. A OAB-SP até entrou com ação na justiça para mudar a correção dos contratos para o INPC. Enquanto a briga corria, os bancos e financeiras muitas vezes exigiam um depósito judicial da diferença para liberar a transferência do carro. Uma situação complicada.


Foi nesse cenário de aperto financeiro e incerteza que tomei uma decisão definitiva: eu nunca mais venderia o Uninho. Essa promessa não veio só pela dificuldade com o dinheiro, mas pelo laço forte que eu já tinha criado com aquele carro. Ele representava meu esforço para ajudar minha família num momento difícil, minha coragem de encarar o desconhecido como vendedor batendo lata na rua de loja em loja de Som com o Uninho, mesmo sem experiência nenhuma, mas com muita vontade de fazer acontecer.


O Início de Uma Longa Parceria


O que começou como uma compra quase forçada acabou se tornando uma das relações mais importantes e duradouras da minha vida. O Uninho, que no início era só um meio para um objetivo, virou um símbolo de persistência, de adaptação e de superação. Pouco eu imaginava que aquele Fiat Uno S 1.5 1993, comprado quase por acaso em 1998, seria meu parceiro em tantas aventuras, testemunha de tantos momentos importantes e, agora, o protagonista de uma jornada incrível de São Paulo até El Salvador. Mas essa parte da história fica para o próximo capítulo...

Este é o primeiro texto da série que documenta a jornada do "Uninho na Estrada" — um

projeto que mistura aventura, liberdade, superação e propósito, transformando um carro guerreiro num símbolo de que sonhos são possíveis. #vivaseusonho #uninhonaestrada



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